segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A GRANDE MÃE


097 – A Grande Mãe

Em Artigos7 de agosto de 2011 às 17:54
Podemos dizer que a cultura clássica greco-romana caminhou ao lado de outra corrente cultural que exerceu forte influência e funcionou como molde espiritual para o ocidente: A Tradição Judeu-Cristã. Nossa civilização surgiu de uma dialética complexa entre os valores greco-romanos e os valores religiosos do judaísmo.
A Mitologia trata de deuses e deusas, da história da criação, do destino e da justiça universal, sendo que a grande maioria não a considera como sendo religiosa ou espiritual. Mas, se refletirmos profundamente sobre as suas raízes, iremos ver que o seu conteúdo é muito mais saudável e completo que a forma atual de propagação do cristianismo. Digo isto por uma razão muito simples: O respeito à mãe natureza e ao sexo feminino. Diga-se: respeito por parte dos homens e respeito pelas mulheres entre si e a si mesmas.
Joseph Campbell foi muito feliz quando disse: “Mitos são as religiões dos outros povos”.
A GRANDE PERDA QUE SOFREMOS COM A ASCENSÃO DO CRISTIANISMO FOI TER RESTRINGIDO A GRANDE MÃE À DIVINDADE MÁXIMA DE UM DEUS PAI.
Estava lançado o alicerce para o domínio patriarcal, então as mulheres se tornaram objeto exclusivo de prazer, seres inferiores e sem alma. A mulher passou a ser vista como:
AQUELA QUE LEVOU ADÃO A PECAR E O DESPOJOU DO PARAÍSO.
Assim era vista a mulher nos primeiros séculos da era cristã. A partir daí o Lobo saiu do covil e contemplou a face da mentira. Farejou a Terra e sentiu o perigo iminente que pairava no ar. O Lobo sabia que a partir daí a mentira e a devassidão tomaria conta da Terra. Diversas tentativas foram feitas para recolocar o bonde nos trilhos: A espiritualidade da Kabbalah, a Sabedoria Iídiche, A vinda de Jesus e, posteriormente, a elevação de Maria a um grau superior de existência. Mas aquele terrível mal já estava enraizado no inconsciente coletivo da humanidade e pouca coisa restava fazer para dizimá-lo. Aí veio o Protestantismo como o maior vilão de toda a civilização humana: relegou Maria ao desconhecido e trouxe para a religião um imenso Mercado de Falsos Valores (art. 068).
Mas não bastava isso. Havia um inimigo mortal. Um obstáculo sem limites às suas imposturas, aquele que não coadunava com a devassidão e o pecado. Era necessário criar uma estratégia para restringir o seu campo ilimitado de ação que ao mesmo tempo rendesse dividendos para manutenção dos credos. Criou-se assim o mito do Diabo, para distrair a mente humana dos seus verdadeiros valores e ao mesmo tempo condicioná-la aos subterfúgios do poder. Conseguiram unir o útil ao agradável, pois exerciam o medo como atrativo espiritual e ainda logravam êxito no campo financeiro.
Mas não sabiam eles que o Lobo é o próprio Cordeiro Ressuscitado. O espírito do Cordeiro subiu aos Céus, mas o seu instinto permaneceu na Terra.
O SEU NOME É LOBO, O VINGADOR DE GAIA, A ALMA DA TERRA, A GRANDE MÃE. O SEU JARGÃO NÃO É O AMOR, MAS SIM, A LEALDADE, A GRATIDÃO, A JUSTIÇA E O RESPEITO.
Estamos botando em discussão o desequilíbrio psíquico-espiritual da nossa cultura, que além de ter legado a mulher a um plano inferior ainda dividiu Deus entre o Lobo, símbolo do Diabo, e o Cordeiro, o unigênito do Pai e salvador das almas. Não podemos deixar de enfatizar a profunda desarmonia que foi gerada entre as forças vitais masculina e feminina, entre o bem e o mal. É essa desarmonia que abriu uma enorme ferida por onde escoa a energia que deveria nutrir e inspirar cada um de nós.
O que é uma pessoa neurótica? Segundo Jung “é aquela que enfatiza excessivamente um lado de sua personalidade (o Cordeiro) a fim de evitar o seu outro lado (o Lobo) menos agradável”. Lembramos aqui que aquilo que vale pra um indivíduo neurótico, também vale para uma cultura neurótica.
Você concorda que a nossa cultura com seus ingredientes de incessante violência, desrespeito ao planeta, os sem-teto povoando as ruas, arsenais imensos de armas de destruição, a poluição crescente e o aquecimento global, é no mínimo uma cultura doente? Doença significa desarmonia. Vivemos hoje numa sociedade  enlouquecida, o planeta está em desarmonia com sua espécie. Falta respeito à dimensão feminina, tanto na mulher quanto no homem; respeito à terra e aos seus ciclos menstruais; respeito às estrelas, enquanto mistério e vida. Respeito aos rios, nascentes, regatos e igarapés: A água é o aspecto feminino da existência.
PERDEMOS NOSSA RELAÇÃO ÍNTIMA COM AQUELA QUE OUTRORA ERA CONHECIDA COMO ‘A GRANDE MÃE’.
Houve uma época em que os seres humanos viviam melhor entre si; viviam em harmonia com a natureza. A Grande Mãe era amada como fonte essencial da vida. Havia um poder que era personificado e criativo em sua plenitude. É realmente difícil de estimar o grau profundo de confiança que aqueles povos, através do seu modo de vida e simplicidade, devem ter sentido.
INFELIZMENTE, O TRIUNFO DA MODERNIDADE É O TRIUNFO DO CRISTIANISMO E DE UM DEUS PAI SUPREMO.
Digo isto não por ser um herege ou coisa parecida, pois amo o Meu Deus e Senhor Acima de Todas As Coisas, mas por ver todo o sacrifício de Jesus perdido na mentira das doutrinas.
TUDO FOI METICULOSAMENTE PREPARADO PARA SE ADEQUAR AO MODELO ATUAL, DESDE AS PRIMEIRAS TRADUÇÕES DOS TEXTOS SAGRADOS (ART. 005), A SERVIÇO DO PODER DE ROMA, ATÉ O APARATO TECNOLÓGICO DOS DIAS ATUAIS.
Estamos envolvidos por uma imensa gama de interpretações estúpidas e mentirosas. Chego a sentir náuseas, quando lembro que um dia fui vítima de tudo isso. Andava pelos bastidores do poder à procura da essência de um Pai/Mãe que reconduzisse minha alma à verdade. Hoje, posso erguer os meus olhos ao Senhor Meu Deus, sem a sombra profana das religiões. Posso contemplá-lo numa pequena gota de orvalho, me benzer com ela, e seguir o caminho agradecido.
Nos acordes finais do Império Romano a devoção à Grande Mãe havia se tornado dispersa, suprimida, negligenciada e distorcida, deixara de haver aquela sensação materna de confiança e carinho. A poesia, o orvalho, as flores e os regatos já não possuíam mais o mesmo encanto. Teve início então a escala ascendente de degradação e valores. O berço da depravação foi o Império Romano com suas orgias à luz do dia. Sem o culto interior do arquétipo feminino, reverenciado como o útero de Gaia, com respeito e gratidão, o ocidente tornou-se o que é hoje.
UM ENORME ANTRO DE DEPRAVAÇÃO, DEGRADAÇÃO E OBSCENIDADES QUE DENOMINAMOS CIVILIZAÇÃO.
A mente profana tomou o lugar da salutar convivência entre Trevas e Luz. O que chamamos ‘a nossa cultura’ é como um filho traumatizado pela separação violenta dos pais. Hoje vive apenas sob os cuidados do Pai, mas no seu íntimo vai sempre buscar pela Mãe. Em apenas nove meses de convivência no seu interior, vivemos milhões de anos de existência, e esse conhecimento está vivo dentro de cada um de nós. É por isso que a ESCOLA diz: LEMBRA-TE DE TI MESMO.
Se despertarmos, poderemos viver mil anos em apenas um dia de sensações, êxtase e mistérios. Parece impossível, mas é verdade. Desperte por apenas três minutos e eles permanecerão vivos na sua mente pelo resto de sua vida.
Uma mente masculina dissociada do seu aspecto feminino está submissa à mulher e sexo por toda a vida; tornou-se viciosa e insaciável. Não é o seu corpo que é insaciável, é a sua mente. E uma mente feminina dissociada do seu aspecto masculino, não terá o menor respeito por si mesma, nem pelos homens, nem por sua origens e tradições. Tornar-se-á presa fácil das ilusões a serviço de homens insaciáveis. É por isso que digo que o mundo está se tornando um enorme antro de obscenidades e depravação. Não o digo sob os auspícios dos dogmas, do pecado ou da moral, mas sim referendado na verdade dos relacionamentos atuais.
Houve uma época em que a Mãe Terra e um Pai Espírito desfrutavam de uma união feliz e harmoniosa, mas a quebra dessa relação refletiu de forma significativa na vida do próprio planeta. A Terra é a Grande Mãe mitológica de todos os seres e quando legamos as suas necessidades a um segundo plano é como se a levássemos ao exílio, então ela fica completamente exposta e podemos ver as suas chagas:
AFRODITE ENVERGONHA-SE DE SUA SEXUALIDADE; ATENA QUESTIONA SUA CAPACIDADE DE PENSAR; HERA DUVIDA DO SEU PRÓPRIO PODER; DEMÉTER DESCONFIA DE SUA FERTILIDADE; PERSÉFONE DUVIDA DE SUAS VISÕES E ÁRTEMIS NÃO SABE MAIS INTERPRETAR SUA SABEDORIA CORPORAL E INSTINTIVA.
Resultado de tudo isso:
UM PLANETA DEGRADADO, SOFRIDO, E UMA ESPÉCIE HUMANA ÀS MARGENS DA EXTINÇÃO.
Toda essa mágoa armazenada no coração de Gaia, a Grande Mãe, é simbolizada pelo seu Anjo Vingador, o Lobo.
ELE É O SENHOR DO CENTRO INSTINTIVO (ART. 058) DE GAIA, SENHOR DO SEU SISTEMA IMUNOLÓGICO, E JÁ TOMOU CONHECIMENTO DO PERIGO IMINENTE DE UM VÍRUS MORTAL CHAMADO RAÇA HUMANA.
Que assim seja!

O Tratado do Lobo e do Cordeiro
LÁZARO DE CARVALHO
Fonte: http://oloboeocordeiro.wordpress.com/2011/08/07/097-a-grande-mae/

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